sábado, 24 de dezembro de 2016
Em Chamas Tudo Terminará - Parte IV
Por : Robert Brooks
"A solarita só se torna instável quando é sacudida com muita força", respondeu Shantira. "E só às vezes. Uma vez em cada cinco, mais ou menos."
"Isso não me deixa mais tranquila."
"Pense dessa forma", disse Orlana, com algum humor nos olhos. "Se explodir, nós morremos rápido e sem dor. Se for pra morrer, vamos manter a pose."
Rohana não disse nada, mas seu humor já havia melhorado.
Adun merecia aquela honra, é claro. Poucos comandantes vivos tinham demonstrado um uso tão inteligente das táticas militares quanto ele. Mas os sentimentos de Rohana não refletiam os de suas irmãs.
Elas sentiam respeito e admiração por ele. Rohana já se resguardava. Era possível que comandantes ficassem inteligentes demais. Ela sabia que líderes engenhosos morrem quando sua sorte acaba. Um comandante bem engenhoso tinha tentado usar sua própria nave para içar outra nave-mãe da órbita de uma estrela de nêutrons, por exemplo. Uma ideia brilhante, arruinada por uma falha ignorada.
Essa memória ainda causava desconforto. Estranho. A solução estava ali. Suas inseguranças deveriam ter sumido. Ela tentou ignorar as emoções. Não seria nada bom se suas inquietações chegassem aos outros.
Adun colocou a solarita na base da esfera enorme e então se afastou.
A solarita brilhava. Então a enorme esfera acima dela também brilhou. Com um alto estrondo o núcleo solar se acendeu, produzindo um zumbido baixo, sua luz ofuscante e calor contidos pela carcaça. A arca sideral começou a tremer. E então começou a se mover. Ela subiu, deixando a atmosfera de Aiur tão suavemente que os presentes custaram a acreditar. Em minutos, apesar do tamanho, atingiram uma órbita estável.
Tal era o poder do núcleo solar. Uma estrela sintética. Extrair sua energia sustentaria todas as operações na nave — e os milhares e milhares de soldados e tripulantes que um dia viveriam nela — por um número incalculável de anos.
A arca sideral era realmente uma maravilha. Mardonis batizara a nave como a Lança de Adun.
Quando a cerimônia terminou, Adun foi teleportado de volta à sua frota. O Conclave ficou para falar com as grã-preservadoras. "Estamos em desacordo e buscamos seu conselho", disse Mardonis. Todos tinham retornado à ponte de comando. Agora que estavam em órbita, Aiur girava lentamente sobre suas cabeças. "Esta arca sideral é tudo o que vocês esperavam, não é? Um baluarte contra desastres."
Orlana falou com confiança em nome das irmãs. "Sem dúvida, judicante."
"Nós já iniciamos a construção de outras duas. E agora?", perguntou Mardonis. "De quantas mais nós precisamos?"
Rohana piscou. Surpresa. Confusão. "Não entendi."
Mardonis explicou. Construir cada arca sideral necessitou de uma quantidade inimaginável de recursos — tantos que outros esforços, como o de colonizar novos sistemas, estavam atrasados. "A Lança de Adun é suficiente para lutar uma guerra sozinha, mesmo contra um inimigo de poder equivalente." Ele afastou as mãos em um gesto abrangente. "Nós não temos inimigos de poder equivalente. Ninguém é capaz de desafiar os Primogênitos."
"Hoje, não. Nem ano que vem. Nem no próximo século." Rohana começou a vasculhar as memórias das gerações passadas. Ela deixou que algumas memórias seletas fossem do Khala até Mardonis para que ele entendesse o que ela queria dizer. "É sempre o ataque inesperado que ameaça o maior poder. Como você disse, a Lança de Adun é nosso baluarte contra o desastre. Mas ela não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Mais arcas siderais nos darão mais segurança. Três é um bom número. Mais seria melhor."
Ela se surpreendeu ao sentir as irmãs discordando. Ela se voltou para elas. "Vocês têm uma perspectiva diferente?"
Shantira inclinou a cabeça. "Você fala de guerras milhares de anos no futuro, Rohana. Eles falam de algo mais sutil: o esgotamento de recursos. Será que devemos gastar tanto nisso..."
"Nosso império tem bastante recursos", interrompeu Rohana.
Hoje. Ano que vem. No próximo século." A voz gentil de Shantira impediu que a reprimenda doesse. Muito. "Se um dia os recursos acabarem, uma frota de arcas siderais não irá nos salvar. Nós vamos precisar de colônias. Há limites para o uso de poder de fogo e para nossa rede de transdobra. E mais colônias vão precisar de uma janela de escape maior para quando for necessário."
Orlana ergueu a mão. "Deve haver um equilíbrio. O Conclave nos colocou uma questão que não temos como responder tão facilmente. Devemos nos recolher e debater. Isso levará algum tempo", avisou a Mardonis.
O judicante fez um gesto de anuência. "Nosso império pode construir as duas outras arcas siderais sem esforço. Só queremos seu conselho no que concerne a mais arcas. Vocês terão todo o tempo de que precisarem."
"Seremos extremamente cuidadosas em nossa deliberação", disse Orlana.
"Seremos", concordou Rohana. Aquela pequena dúvida, aquela inquietação, ainda não sumiria de todo. Talvez essa tarefa fosse exatamente o que ela precisava para expulsá-la finalmente.
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